Farol da Esquina

21 dezembro 2006

Somos uns iluminados!


Antes de mais, tenho que falar sobre o tornado que fustigou a ilha de São Miguel e a sua importância para a actualidade internacional. Pronto, já falei.

Mas agora falando de coisas mais sérias... Finalmente consegui regressar à blogosfera! Apesar do meu suicídio bloguístico, aqui estou eu de volta, uns meses depois, logo nesta época natalícia! Que coincidência! Conveniente por sinal! Senti que devia um post aos meus fiéis leitores (que não chegam a uma dúzia, mas gosto deles na mesma) e por isso resolvi abdicar da minha vida cheia de stress e trabalho para vir aqui limpar o pó ao Blog. Foi um enorme sacrifício...

Queria, por isso, pedir desculpa à minha dúzia de leitores, cujos nomes não vou referir porque são demasiados, como devem compreender. Desculpem-me por ter mais que fazer...

Agora vamos ao que interessa. Gosto tanto do Natal que resolvi escrever sobre este nesta altura do ano. Apeteceu-me... Gosto do Natal por muitas razões: porque costuma fazer frio (é uma época linda), porque há muitas constipações, por causa do bacalhau, por causa das estradas escorregadias e a prudência dos nossos condutores, por causa da publicidade da TMN, por causa dos jantares marcados à última hora, por causa do Bolo-Rei, por causa daquele senhor vestido de vermelho e com uma pelugem branca de meio metro abaixo do nariz a dizer "oh oh oh temos facilidades de pagamento!!!" e a pensar que mesmo assim tem graça, porque as tias ainda oferecem meias, por causa das músicas de natal espanholas, porque as sms's teimam em chegar ao destino, porque sim e porque não? Sim, de facto é uma alegria. Mas não é isto que me faz feliz.

O que me faz feliz no Natal são pequenas coisas... por exemplo, a iluminação de Natal nas ruas. Fico encantado, fascinado. Depois de me bombardearem com os problemas económicos, com os problemas sociais, com os problemas energéticos e com os problemas ambientais do país e do Mundo, é com muita satisfação que vejo que afinal se pode investir dinheiros públicos em luzes e electricidade... durante o Natal. Então já não devemos ter esses problemas! A minha inculta e ingénua pessoa ainda não descobriu qual é a amplitude do impacto na economia e produtividade nacionais que aqueles milhões de lâmpadas e mega watts provocam, mas não duvido que seja um impacto surpreendente!

Pois é... com tanto dinheiro que restou depois de se resolverem todos os nossos problemas, é porque de facto já não há buracos nas estradas! Todo o ano a desgastar a suspensão do automóvel e a dar cabo da espinha... isso já acabou! A iluminação de Natal dura só umas semanas mas é o sinal disso! Também os sem abrigo já devem ter casa, emprego e comida para todo o ano! E de certeza que já não vamos ser obrigados a pagar 5€ por dia para ficarmos internados no hospital! Porque havíamos de o fazer agora que até há dinheiro para construir a maior árvore de Natal da Europa? É magia... a magia do Natal! Felizmente agora não vou ter que me preocupar com os idosos que vejo na rua todos os dias, mal agasalhados e solitários. Felizmente agora há dinheiro para colmatar estes e outros flagelos! É tão bom, fomos coerentes e estabelecemos as prioridades certas. Fizemos as pessoas felizes e tudo deu tão certo que ainda restou dinheiro para nos preocuparmos com aspectos secundários do bem-estar das pessoas. Aliás, como Portugal é um Estado laico, também vamos começar a iluminar as ruas não só pelo Natal, mas também pelo Hanukkah judaico, pelo Ramadão muçulmano e pela festa do Avante, do Partido Comunista (todos os indígenas merecem respeito).

Como, depois do país ter resolvido os seus problemas, sobrou dinheiro para iluminar as ruas de Norte a Sul, e por diversas ocasiões, é com muita indignação que vejo aquele anúncio dos Médicos do Mundo na televisão... "mais um bolo – 1,30€ – ou... 100 crianças tomam vitamina A em Timor-Leste". Primeiro não acredito que os portugueses sejam um povo insensível e apático no que toca a desgraças alheias... Por isso não acredito que todos os que compraram luzes amarelas e luzes azuis (e depois coloriram a fachada de suas casas com este conjunto de cores perfeitamente alusivo à época natalícia) não o tenham feito sem antes doar ou contribuir para uma causa nobre com grande parte dos seus rendimentos, afinal temos todos os nossos problemas resolvidos. Nós a ajudar o Mundo como podemos, sem conseguirmos dar mais um cêntimo que seja e os Médicos do Mundo ainda nos vem pedir para deixarmos de comer bolos?! É indecente... Estas organizações ou andam a ver se enganam o Zé-povinho ou estão mesmo a gozar connosco não é?! Só pode ser... Só falta pedirem para deixarmos de gastar dinheiro a iluminar as nossas casas! A gastar menos nos brinquedos das crianças, que já ficam deprimidas se tiverem poucos! 15 prendas não é suficiente! Querem crianças vítimas da exclusão social?! Mas que realidade distorcida a que vêem!

Mas bem... após resolver tantos problemas e prestar tanta ajuda ao Mundo, até os nórdicos vão imitar-nos. Mesmo que eles já iluminassem as suas ruas isso não diminui o nosso sucesso! Somos o máximo! Somos um exemplo para toda a Humanidade! Já nem parecemos um país deserto e cheio de camelos! Somos uns iluminados!

Desejo à minha dúzia de leitores umas Boas Festas e um Próspero Ano Novo, assim como um Natal iluminado.





P.S.: O Pai Natal não existe! Deixem de traumatizar as crianças!




Se vós, os cristãos, vivêsseis como Cristo, toda a Índia estaria aos vossos pés.
Tagore, escritor indiano





Neste Natal, no seu carro:

  • Tranque as portas;
  • Não deixe objectos no interior do seu veículo;
  • Quando estacionar, deixe o lado do motor virado para o local mais visível. Se alguém lhe mexer será mais facilmente detectado.
Na sua casa:

  • Verifique e feche as portas e janelas antes de sair de casa;
  • Dê uma aparência de actividade à sua residência (exemplo: acenda uma luz, deixe a televisão/rádio ligados);
  • Guarde jóias, dinheiro, valores e objectos de arte em lugares seguros.
Se conduzir:

  • Tenha a coragem de não beber;
  • Durante a condução não utilize o telemóvel;
  • Cumpra os limites de velocidade e modere-a quando as condições climatéricas forem adversas;
  • Utilize sempre o cinto de segurança;
  • Quando viajar com crianças sente-as no banco traseiro, transportando-as em cadeiras adequadas à sua idade e ao seu peso.


PSP de Praia da Vitória


Conselhos face ao frio:

  • Se tiver de se deslocar de automóvel, circule com precaução, respeite os limites de velocidade e esteja atento a todas as indicações das autoridades;
  • Use várias camadas de roupa em vez de uma única peça de tecido grosso. Evite as roupas muito justas ou as que o façam transpirar;
  • Tenha cuidado com as lareiras. Em lugares fechados sem renovação de ar, a combustão pode originar a produção de monóxido de carbono, um gás letal e inodoro;
  • Seja também cuidadoso com os aquecedores devido ao risco de acidentes domésticos;
  • Procure estar atento às indicações difundidas pela Protecção Civil nos órgãos de Comunicação Social;


Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil